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A presente pesquisa visa contemplar o processo de des-reconstrução das imagens de Deus presentes no bloco poético do texto bíblico. A expressão “desreconstrução” tem por objetivo sintetizar o longo caminho trilhado por Jó em sua relação difícil com Deus, no claro-escuro da fé, bem como seu percurso de ressignificação da relação espiritual e os seus ecos na existência concreto, significativamente contemplados na literatura e na arte.
O Livro de Jó é apreciado como sendo uma obra-prima da literatura universal, tanto pela qualidade estilística e poética quanto pela temática e sua abordagem, num admirável trajeto antropológico, psicológico e, sobretudo, religioso/teológico. A presença atemporal de seu drama encontra, paradoxalmente, contundente eco no que se refere à produção artístico-literária nos últimos séculos. A partir do percurso teológico-literário, singrado por meio do monumento-Jó, este trabalho visa situar a aventura da gratuidade da fé no árduo processo espiritual que perpassa momentos de eclipse, mas também de lampejos significativos capazes de, inserido no maravilhoso e misterioso agir de Deus, contemplar reverentemente o seu agir inesperado e prodigioso, tornando a vida repleta de sentido. É na gratuidade da devoção e da esperança em ver Deus internamente, deixando-o ser quem Ele é, e permitindo-se ser conduzido à beleza, apesar de tudo, que o processo de des-reconstrução de sua imagem torna-se itinerário de fé, mística concreta e sentido da vida.
