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Este livre reúne diferentes modos (estético, filosófico, psicológico, psicanalítico, metafísico e histórico-cultural) de leitura da produção artística de Clarice Lispector. A conexão entre os vários modos de ler a linguagem de Clarice foi estabelecida pelos autores por meio de uma reiterada expressão do drama metafísico identitário da escritora; e, também, por meio do apelo à cumplicidade do seu leitor na visão/revisão filosófica e crítica do mundo externo, como procedimento essencial para o seu alcance do estado epifânico de ressignificação clariceana do sentido da vida: “O que estou te escrevendo não é para se ler – é para se ser” (Clarice Lispector, Água viva, 1973).
Zizi Trevizan
N’O caldeirão azul: o universo, o homem e seu espírito (2019), Marcelo Gleiser expõe que “não é Deus que se busca no questionamento científico, mas a transcendência do humano, a busca por uma dimensão além do cotidiano que dá sentido à nossa busca por sentido”. Este ímpeto filosófico, implícito na complexidade da ciência e na própria condição humana de estar no mundo, nos remete a Clarice Lispector em sua continuada busca de respostas às suas próprias indagações sobre a origem do homem, a vida e a morte, reveladas em sua Arte – objeto de análise dos autores deste livro “O que te escrevo continua e estou enfeitiçada”: cem anos de Clarice Lispector, organizado por Diego Luiz Miiller Fascina.
Esta coletânea merece a atenção de diferentes tipos de leitores, pois envolve uma pluralidade de áreas científicas no perfil cultural dos autores; uma variedade de materiais selecionados para análise; e uma multiplicidade de modos de leitura do discurso clariceano. No entanto, a conexão entre os capítulos se mantém preservada, porque todos os autores são unânimes na valorização da cumplicidade do leitor de Clarice com a confissão da escritora em sua Arte, sobre o drama metafísico identitário. Os autores valorizam, de fato, os fluxos e refluxos da consciência individual da escritora, mas, de forma dialética, os aproximam dos efeitos ideológicos, interpessoais, da consciência humana coletiva, envolvendo, aspectos histórico-culturais de uma sociedade desigual, geradora da própria tensão interior dos seres ficcionais criados por Clarice.
As análises efetuadas neste livro comprovam que o discurso autoanalítico de Clarice se faz verbalizado por todos os seus/suas personagens e se estende a todos nós, leitores, possibilitando-nos a condição privilegiada de coautores e a entrada filosófica na teia complexa das relações sociais, geradora do drama da identidade humana e da relevância da autoanálise. O livro expõe que estar em análise implica um processo complexo identitário coletivo muito produtivo para uma autocrítica e uma ressignificação da vida. Convidamos você, potencial leitor desta coletânea, para dar continuidade ao exercício intelectual de Clarice Lispector, por meio de sua inteligência especulativa e sensível, tal como ocorreu com os autores deste livro, transformados, na leitura de Clarice, em seus coautores.
A partir de 17/08/22 o atendimento dA Editora será unica e exclusivamente pelo e-mail falecom@aeditora.com.br Dispensar