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Quando me perguntam sobre meu tema de pesquisa e digo que estudo “homossexualidade indígena”, o que ouço em seguida é, quase sempre, outra pergunta: “Mas isso existe?”. A resposta para isso – se é que há uma resposta para questões como essa – é um pouco mais complicada do que sim ou não.
Este livro é uma tentativa de entender o percurso por trás da pergunta “Existe índio gay?”, tantas vezes ouvida durante a ampla pesquisa feita pelo autor, focando na colonização das sexualidades indígenas na história brasileira. O livro, voltado também para não especialistas, busca fazer com que pessoas interessadas no tema possam pensar questões relacionadas às origens da homofobia e do racismo no Brasil. Uma das coisas demonstradas aqui é como os vários povos indígenas
no país aceitavam, sem maiores problemas, um conjunto de práticas às quais o colonizador viria a se opor por não se enquadrarem em seus modelos de sexualidade, moral, religiosidade ou ciência. Em resumo: a homofobia chegou nas caravelas e por aqui ficou. Assim, a colonização impôs a esses povos um sistema moral no qual a sociedade colonizadora se baseava – e ainda se baseia. Nesse sentido, a sexualidade possui um papel fundamental para a compreensão desses mecanismos de dominação sobre vida cotidiana, do imaginário e da memória. Dito isso, fica claro que esse livro não é apenas sobre homossexualidade indígena, mas sobre o que podemos aprender com o percurso que levou à heterossexualização forçada desses povos.
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