Palavras ao vento em tempos de pandemia

Mais idealistas, do que politizados, individualistas, do que solidários, fanáticos, do que democratizados, os homens se aprofundaram de vez no que Bauman chamou de mundo líquido, vida líquida e amor líquido… Não sei se efetivamente a pandemia é responsável pela ‘baumantização’ dos seres humanos, mas pude ver, no apogeu do Covid-19, que tudo, ou praticamente tudo, de repente virou temporário, sem identidade, carente de integração, muito distante. Se ainda hoje, cultuamos a prática do afeto, parece-me que a tenacidade de um compromisso fraterno, ou amoroso, está cada vez mais fluída, impedindo que nossos relacionamentos sejam contínuos, duradouros, sólidos, alicerçados sobre a plataforma de um amor que não se mede, que não carece de explicação, que não cobra justificativas, e dói-me, demais, perceber que esta situação não resulta da pandemia, mas decorre de um processo corrosivo, de petrificação da alma humana, que optou pelo distanciamento pré-pandêmico, vaticinado pelas redes sociais, pelo telefone celular. Se hoje a educação se conforma no âmago de plataformas digitais, outrora os relacionamentos estavam remotos, e a vida a caminho da virtualização. Com esta percepção, querida leitora, e esmerado leitor, nasceu o livro “Palavras Ao Vento Em Tempos De Pandemia”… Não pense que levo às suas mãos um clássico analítico-sentimental dos fatos pandêmicos. Não… Este jamais foi meu intuito! Aqui, colaciono em letras, a resposta de meu coração, frente ao que sinto, quando vejo o que vejo. “Palavras Ao Vento Em Tempos De Pandemia” é a expressão mais altiva dos latidos do coração de um sujeito que sofre pelos infortúnios da existência alheia, mas que regozija o amor, a amizade, a solidariedade, a fraternidade e a paz…