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A proposta deste trabalho foi de analisar e avaliar a pesquisa participante enquanto instrumento teórico e metodológico para o estudo dos conflitos ambientais decorrentes da criação do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais na comunidade de pesca de Matinhos, litoral paranaense. Trata-se de uma “pesquisa engajada” (PACHECO et al., 2013) apoiada nos pressupostos de Funtowicz e Ravetz (1997) em relação a “ciência pós-normal”, isto é, uma ciência que não é neutra, e se posiciona a favor dos grupos marginalizados. Isso porque seu objetivo não se reduziu somente em descrever os conflitos ambientais decorrentes da criação do PARNA, mas sim em reconhecer a comunidade de trabalho como “portadora de direitos, tornando públicas vozes, frequentemente discriminadas e inviabilizadas pelas instituições e pela mídia” (PACHECO et al., 2013, p.35).
A proposta deste trabalho foi de analisar e avaliar a pesquisa participante enquanto instrumento teórico e metodológico para o estudo dos conflitos ambientais decorrentes da criação do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais na comunidade de pesca de Matinhos, litoral paranaense. Trata-se de uma “pesquisa engajada” (PACHECO et al., 2013) apoiada nos pressupostos de Funtowicz e Ravetz (1997) em relação a “ciência pós-normal”, isto é, uma ciência que não é neutra, e se posiciona a favor dos grupos marginalizados. Isso porque seu objetivo não se reduziu somente em descrever os conflitos ambientais decorrentes da criação do PARNA, mas sim em reconhecer a comunidade de trabalho como “portadora de direitos, tornando públicas vozes, frequentemente discriminadas e inviabilizadas pelas instituições e pela mídia” (PACHECO et al., 2013, p.35). Dessa forma, a produção desta pesquisa visa contribuir, além da proposta de uma nova metodologia de pesquisa baseada na participação dos sujeitos pesquisados, para a luta política da comunidade de pesca, na legitimação de sua identidade tradicional e artesanal e na garantia de seus direitos territoriais na área que abrange hoje o PARNA Currais. Para este fim, utilizamos como pano de fundo os pressupostos teóricos e metodológicos da pesquisa participante e a abordagem da ecologia política. Utilizamos o termo pesquisa participante considerando sua multiplicidade de nomes e abordagens que emergiram entre as décadas de 1960 e 1980 na América Latina, onde a participação dos grupos populares, como o próprio nome diz, foi seu pressuposto principal. A ecologia política, por sua vez, foi incorporada na medida em que a pesquisa participante carecia de fundamentos para o estudo dos conflitos ambientais. Sendo um trabalho de análise interdisciplinar, oriundo da área de Ciências Ambientais, o leitor irá se deparar com aportes e interfaces de diferentes áreas do conhecimento. Ao mesmo tempo apostamos muito nas narrativas, que expressam o cuidado em dar voz aos sujeitos participantes da pesquisa a respeito de suas percepções e práticas acerca do trato do espaço, das dificuldades e conflitos pelos quais passam. Contudo, utilizamos instrumental teórico latino-americano, de autores que estiveram ou estão à frente desses movimentos sociais, ora na militância, ora em projetos de investigação pautados no diálogo e na ação conjunta com esses atores. Uma vez que acreditamos, assim como Grosfoguel (2008), na necessidade de falar do Sul a partir do Sul, e a partir das cosmovisões de pensadores críticos do Sul, que pensam sob perspectivas de corpos e lugares étnico-raciais subalternizados. A partir do desenvolvimento da pesquisa foram sendo incorporados também os conceitos de pesca artesanal (DIEGUES, 1983; 1995; 2004), território pesqueiro (CARDOSO, 2001; 2003; 2007) e lutas territoriais (CRUZ, 2013). Assim como Cruz (2010), acreditamos que os conceitos não são somente descritivos ou reveladores do mundo e da realidade, mas eles são também constitutivos e produtores do mundo e da realidade. Isso implica em ver os conceitos como ferramentas analíticas, mas também como dispositivos éticos-político de intervenção no mundo. Neste sentido, ao usarmos um determinado conceito não estamos realizando uma mera operação cognitiva, mas ao mesmo tempo uma ação epistêmica ética e política. Por diversas vezes fomos indagados quanto ao caráter tradicional da comunidade de pesca, já que ela utiliza nos dias de hoje canoas de fibra-de-vidro, motores mais potentes, incorpora “pessoas de fora” nas atividades, entre outros aspectos de caráter tecnológico. Uma vez que o direito ao acesso e uso dos bens naturais localizados em unidades de conservação só são assegurados para populações tradicionais, partimos em direção ao conceito de pesca artesanal de Diegues, como o leitor irá ver ao longo do terceiro capitulo da dissertação.
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